quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Anna Pavlova

Biografia



" A Morte do Cisne"
Nascida de mãe solteira, no seio de uma família de camponeses pobres, não gostava de falar de seu pai, afirmando que ele morreu quando tinha dois anos de idade. Os historiadores afirmam que ele era um soldado judeu quando do seu nascimento e mais tarde um comerciante. Aos oito anos, como presente de aniversário, sua mãe a leva para assistir ao espetáculo de balé:"A Bela Adormecida" no teatro Mariinsky. Emocionou-se tanto, que decidiu a partir daquele dia se dedicar à dança.
Tentou então ingressar na Escola Imperial de Balé de São Petersburgo, mas foi rejeitada devido a sua tenra idade e baixa estatura. Em 1891, aos dez anos, conseguiu ingressar na academia. Desde cedo, revelou um grande talento para a dança clássica.
Anna Pavlova como `"Giselle", Ato I (ano 1900)
Em sua formação, teve aulas com os mais famosos professores da época: Pavel Gerdt, Christian Johansson, Ekaterina Vazem, Nikolai Legat.
Graduou-se em 1899 aos dezoito anos de idade. Em seguida, ingressou no corpo de balé do "Balé Imperial Russo" de São Petersburgo. Era o começo de sua carreira de sucesso. Seu palco nesta época era o teatro Mariinsky.
Carismática, caiu no gosto do Maestro Marius Ivanovich Petipa, galgando rapidamente posições de destaque entre as bailarinas: em 1902 era segunda solista; em 1905 "Première Danseuse" e finalmente em 1906 "Prima Ballerina".
No final do século XIX o ideal da bailarina era ter corpo compacto e musculoso, para poder atender aos requisitos de técnica e performance nas danças. Anna Pavlova mudou esta visão. Por sua figura feminina, graciosa e delicada e por seu modo personalíssimo de dançar (tinha um jeito especial de executar o "En Pointe", que na época causou polêmica, mas que com o passar do tempo tornou-se padrão), começou a ganhar destaque nos balés em que atuava e a arrebanhar fãs entusiastas. Para a legião de fãs ela era a Pavlovtzi.
Em 1908 estreou em Paris, no Théâtre du Châtelet, com o Ballets Russes de Serguei Diaghilev. De 1908 a 1911, apresentou-se com a companhia de Diaghilev, passando a dividir o seu tempo profissional entre as turnês e as apresentações no teatro Mariinsky.
Em 1913 larga o "Balé Imperial" e passa a se apresentar por sua própria conta, empresariada por Victor d'Andre.
Em 1914, no início da Primeira Guerra Mundial, ela deixou a Rússia definitivamente e se mudou para Londres, fixando residência na casa que adquirira em 1912, denominada "Ivy House".
Durante a guerra excursionou com frequência nos EUA e na América do Sul, tendo apresentado-se em 1918 no Teatro da Paz em Belém do Pará. Também esteve na Ásia, Oriente e África do Sul.
Dançou para reis, rainhas e imperadores de toda a europa. Sarah Bernhardt e Isadora Duncan eram suas admiradoras.
Na década de 1920 apresenta-se no Teatro Municipal de São Paulo e no Teatro Municipal do Rio de Janeiro.
Em 1924, casa-se com Victor d'Andre, seu empresário.
No período de natal de 1930, Pavlova tira três semanas de descanso de uma turnê que realizava pela europa. Na volta ao trabalho, próximo de A Haia na Holanda, o trem em que estava foi obrigado a parar devido a um acidente ocorrido próximo à linha. Curiosa, desceu para ver o que havia acontecido vestindo roupas muito leves para o tempo que fazia (um fino casaco sobre uma camisola de seda) e caminhando pela neve. Dias mais tarde, é acometida de forte pneumonia. Após breve sofrimento, morre de pleuris no dia 23 de janeiro de 1931, no auge da fama e próximo de completar cinqüenta anos. Segundo testemunhas, suas últimas palavras após pedir para que lhe preparassem o seu traje de "A Morte do Cisne" foi: "Execute o último compasso bem suave".
Vaslav Nijinsky e Anna Pavlova  "Le Pavillon d'Armide" (1909)

























A Bailarina
Após ser admitida no corpo de balé do "Balé Imperial Russo" de São Petersburgo, passa a galgar posições de destaque nos espetáculos do teatro Mariinsky muito rapidamente. Expressiva e carismática, conquistava grande legião de admiradores a cada espetáculo. Seu físico delicado e gracioso era bem apropriado para os papéis românticos dos balés, e isso foi percebido pelos coreógrafos. Seu primeiro sucesso e que passou a ser sua marca registrada, é o solo de "A Morte do Cisne", apresentada em 1905, no teatro Mariinsky, com música de Cammille Saint-Sãens coreografia de Mikhail Fokine . Também é sucesso em "Giselle" com música de Adolphe Adam e coreografia de Marius Petipa, apresentada em 1906 no mesmo teatro.
No dia 6 de janeiro de 1908, realiza o seu sonho de infância e dança no teatro Mariinsky, no papel de Princesa Aurora, o balé  "A Bela Adormecida" pela primeira vez.
No Ballets Russes apresentou-se no teatro Chatelet, em Paris, em julho de 1909, tendo por parceiro o grande bailarino Vaslav Nijinsky no balé Les Shylphides. Também nesta temporada dança no balé "Cleópatra", tendo como parceiro Mikhail Fokine. 

Em fevereiro de 1910, apresenta-se no Metropolitan Ópera House, em Nova Iorque, no balé "Coppelia", tendo como parceiro Mikhail Mordkin. Era a primeira vez que se apresentava nos EUA.
Em 1911, apresentou-se pela última vez no Ballets Russes, desta vez em uma temporada em Londres. Mais uma vez teve como parceiro Vaslav Nijinky. Após esta temporada ela nunca mais dançaria com ele.
No dia 24 de fevereiro de 1913, ela apresentou-se pela última vez no teatro Mariinsky, no balé "La Bayadere".
Pavlova em seu camarim
A partir de 1913, rompeu seu vínculo com o Imperial Ballet de São Petersburgo, e passou a excursionar pelo mundo com companhia própria até a sua morte em 1931.
Em suas vindas ao Brasil, ela apresentou-se nestes grandes teatros: Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Theatro Municipal de São Paulo e Theatro da Paz, Belém do Pará.
O seu repertório era clássico, convencional, mas gostava de incluir números de danças étnicas. Os seus excertos e adaptações dos balés clássicos encantavam as platéias para quem se apresentava.
Anna Pavlova, por meio de suas turnês ao redor do mundo, e também por sua figura carismática e singular, tornou o balé popular por onde passava, sendo responsável por inúmeras novas bailarinas; moças que após a verem dançar se decidiam a também fazê-lo.
Durante sua carreira, Anna Pavlova viajou cerca de quinhentas mil milhas, dançando em 3.650 espetáculos e participando de mais de dois mil ensaios.

Frases

"Deus dá o talento, mas é o trabalho que transforma o talento em gênio."
"Embora alguém possa falhar em encontrar a felicidade na vida teatral, ninguém desiste depois de já ter uma vez provado de seus frutos."
"O sucesso depende em grande parte de iniciativa pessoal e esforço, e não pode ser adquirido exceto à força de trabalho."
"Toque o último compasso bem suave." - (suas últimas palavras).

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Posições dos braços no Ballet Clássico

Os braços são importantíssimos no ballet. Eles devem ser a moldura que completa o quadro de figuras dançantes, assim, valem pelo detalhe, pelo acabamento, pela qualidade da obra de arte.
As posições dos braços, porém, causam muita polêmica, pois cada escola tem uma maneira de nomeá-las. Aqui, você vai poder conhecer as posições de cada uma delas, e saber como executá-las corretamente.

Royal Academy of Dancing

Bras bas: os braços devem estar descontraídos, um pouco adiante do corpo e pouco dobrados nos cotovelos, com os dedos continuando a curvatura dos braços para criar um formato oval. Não se esqueça de relaxar os ombros, manter os polegares próximos dos outros dedos e procurar não mostrar as costas das mãos



Demi seconde:
 posição preparatória aonde os braços são mantidos do lado do corpo, um meio termo entre 2ª posição e bras bas
1ª posição: os braços fazem um desenho oval à frente do corpo, sendo que as mãos devem estar curvadas na altura do estômago. Lembre-se de relaxar os ombros, sustentar os cotovelos e virar as palmas da mão para si










2ª posição: abra bem os braços, porém mantenha-os ligeiramente na frente dos ombros. Eles devem estar relaxados e um pouco curvos, porém não deixe os cotovelos caírem. As mãos devem estar voltadas para frente e os dedos flácidos e flexíveis

3ª posição: é uma fusão da 2ª com a 1ª, ou seja, cada braço fica em uma posição.










3° posição alta: é uma fusão da 2º  com a 5º, ou seja, cada braço fica em uma posição.
[thirdpositionarms2-1.jpg]

4ª posição: esse é uma fusão da 1ª com a 5ª. Enquanto um braço está um pouco recurvado ao lado, o outro está ligeiramente adiante da cabeça, também fazendo uma graciosa curva (veja quinta posição). Lembre-se de sua postura!






5ª posição: os braços devem estar fazendo um desenho oval um pouco adiante da cabeça, emoldurando o seu rosto. Não levante seus ombros, e mantenha as palmas das mãos voltadas para você.




Vaganova (método russo)

Bras bas: mesma coisa no método da Royal Academy of Dancing
1ª posição: também corresponde ao método da Royal Academy of Dancing
2ª posição: mesma coisa da Royal Academy of Dancing
3ª posição: corresponde à 5ª posição da Royal Academy of Dancing

Cecchetti (método italiano)

 posição: os braços são curvados e mantidos dos lados com as pontas dos dedos apenas tocando as coxas
2ª posição: corresponde ao método da Royal Academy of Dancing
3ª posição: um braço permanece em bras bas enquanto o outro está em demi seconde
4ª posição en avant: corresponde à terceira posição da Royal Academy of Dancing
4ª posição en haut: corresponde à quarta posição da Royal Academy of Dancing
5ª posição en bas: é o bras bas da Royal Academy of Dancing
5ª posição en avant: mesma coisa da primeira posição da Royal Academy of Dancing
5ª posição en haut: quinta posição da Royal Academy of Dancing

Escola francesa

1ª posição: corresponde ao Royal Academy of Dancing
2ª posição: corresponde ao Royal Academy of Dancing
3ª posição: corresponde à quarta posição da Royal Academy of Dancing
4ª posição: corresponde à terceira posição da Royal Academy of Dancing
5ª posição: mesma coisa da Royal Academy of Dancing

Além disso, é bom lembrar que as mãos também são importantíssimas. Se elas não estão bem posicionadas, os braços estão completamente acabados. Assim, nunca se esqueça de:

1) Mantê-las naturais e sem tensão. Os dedos devem estar agrupados com delicadeza e suavidade. Também nunca deixe as mãos caírem, principalmente na 2ª posição.

2) Há também a posição allongé, onde os dedos são abertos e a palma da mão é virada delicadamente para baixo

domingo, 18 de setembro de 2011

Alongamento - mais detalhes sobre esta atividade importante



 ALONGAMENTO!


Cada um difere de todos os demais no que se refere a força, resistência, flexibilidade e temperamento, porém, se você conhecer o seu corpo e as necessidades que o animam, será capaz de desenvolver seu próprio potencial. Atualmente, milhões de pessoas estão descobrindo os benefícios do movimento.Os alongamentos são elos importantes entre a vida sedentária e a ativa. Mantém os músculos flexíveis e ajudam a concretizar a atividade vigorosa, sem tensões indevidas.São muito importantes para pessoas que correm, andam de bicicleta, dançam ou fazem outros exercícios desgastantes, pois, atividades como estas causam tensões einflexibilidade. Os alongamentos ajudam na prevenção de lesões comuns, tais como, distensão de canela,inflamação do tendão de Aquiles em corredores, e ombros e cotovelos doloridos, nos tenistas. É bom saber que os alongamentos são fáceis, mas quando feitos de forma incorreta, podem fazer mais mal do que bem.

Técnicas Corretas

Não é preciso forçar os limites, não deve ser uma questão de competição ver até onde consegue se alongar.Os alongamentos devem ser feitos sob medida, conforme a estrutura muscular, a flexibilidade, e de acordo com os diversos níveis de tensão. O ponto chave é a regularidade com o relaxamento. A redução da tensão muscular promove movimentos mais soltos, e não um esforço concentrado para conseguir total flexibilidade, que frequentemente conduza superestiramentos e a lesões. Fazer alongamento não provoca lesões, é algo pacífico, suas sensações sutis erevigorantes permitem a sintonia com os músculos. Não é preciso submeter-se a disciplinas, fazer alongamentos proporciona liberdade. Mas é necessário que se pratique devagar, especialmente no início. Comece de leve e seja constante. Afinal, não há como entrar em forma no primeiro dia.Todos podem fazer alongamentos, independente da idade ou flexibilidade. Não é necessário estar no ponto máximo de condição física, nem possuir habilidades atléticas.Se você tiver sofrido algum problema físico, uma cirurgia nas articulações e músculos, ou se vier de inatividade ou vida sedentária, é bom consultar um médico antes de começar um programa de exercícios ou alongamento.

POR QUE FAZER?

Reduz as tensões musculares e dão a sensação de um corpo mais relaxado. Servem de benefícios para a coordenação. Aumentam o âmbito de movimentação. Previne lesões como distensões musculares, pois um músculo alongado resiste mais às tensões. Facilita as atividades de desgaste como corridas, tênis. Desenvolve a consciência corporal e aprende a se conhecer. Ajuda a liberar os movimentos bloqueados por tensões emocionais. Ativa a circulação. É gostoso, é bom!

Corrija sua postura
Nascemos com boa postura, equilíbrio corporal e prontos para o movimento. No entanto, conforme envelhecemos, a gravidade, a falta de exercícios e as atividades cotidianas repetidas - como dirigir ou carregar uma bolsa num ombro só - podem levar ao enrijecimento nas posições que assumimos ao longo do tempo e causar má postura. Por exemplo, se os músculos dos ombros estão comprimidos, suas costas podem ficar arqueadas; músculos abdominais enfraquecidos causam dor na lombar, pois a coluna tende a sobrecarregar-se ao compensar a ausência de sustentação da região abdominal. Alongar-se corrige a postura e fortalece os músculos de forma equilibrada, atuando nos dois lados do corpo. 

Aumente sua consciência corporal
Os alongamentos podem ajudá-lo a ter mais consciência de seu próprio corpo, descobrir seus potenciais e fraquezas, além das partes mais tensas e enrijecidas. Se alguns exercícios lhe parecem desafiadores ou um pouco desconfortáveis, significa que encontraram um ponto tenso ou enrijecido e que seu corpo está respondendo ao estímulo. Outros alongamentos são leves e simplesmente liberam endorfina, substância responsável pelo bem-estar. 
O ritmo de sua respiração se modificará para acomodar o corpo aos diferentes alongamentos e refletirá o estado de seu sistema nervoso. Por isso, é importante manter-se atento à respiração: se a freqüência se acelerar e não se estabilizar durante o alongamento, talvez você ainda não esteja pronto para esse exercício específico. Seu corpo sabe exatamente o que está lhe fazendo bem ou mal. Basta reconhecer esses sinais corporais e agir de acordo com eles. 

Alongar-se é uma atividade tranqüila, relaxante e não competitiva. O superalongamento lhe dá liberdade para atuar segundo suas próprias orientações e sentir-se bem consigo próprio; relaxa os músculos e a mente. Explore mais o corpo e desenvolva todo o seu potencial ao desfrutar o alongamento e movimentos mais livres.
 
Massageando os orgãos
Girar, dobrar e alongar o corpo também massageia os órgãos internos, especialmente aqueles que são vitais e as glândulas do tronco, como fígado, rins, intestinos, pâncreas e glândulas supra-renais. 
Alongar-se é uma maneira suave e segura de estimular os órgãos, bem como a circulação de sangue e nutrientes por eles. Essa prática também pode melhorar o funcionamento do corpo, ajudando-o a eliminar resíduos e toxinas do sangue. Massagear os intestinos ao girar o corpo facilita o percurso dos alimentos ingeridos e mantém esse órgão irrigado. Uma das funções do pâncreas é controlar os níveis de açúcar no sangue, e um exercício que massageie essa parte do corpo, ao promover a estabilização da glicemia, pode acalmá-lo. 
A respiração tranqüila e profunda, necessária durante o alongamento, também beneficia os órgãos e faz com que funcionem de maneira mais eficaz, pois estimula a liberação de toxinas para fora do corpo cada vez que você expira.

Quando alongar?
É importante alongar adequadamente a musculatura antes e também depois de uma atividade física. Isso prepara os músculos para as exigências que virão a seguir, protegendo e melhorando o desempenho muscular. Pela sua facilidade de execução, a maioria dos alongamentos pode também ser feitos, praticamente, a qualquer hora. Ao despertar pela manhã, no trabalho, durante viagens prolongadas, no ônibus, em qualquer lugar. Sempre que for identificada alguma tensão muscular, prontamente algum tipo de alongamento pode ser empregado para trazer bem estar.

Como alongar?
Antes de tudo, é importante aprender a forma correta de executar os alongamentos, para aumentar os resultados e evitar lesões. Inicie o alongamento até sentir uma certa tensão no músculo e então relaxe um pouco, sustentando de 30 á 40 segundos, voltando novamente à posição inicial de relaxamento. Os movimentos devem ser sempre lentos e suaves.
O mesmo alongamento pode ser repetido, buscando alongar mais o músculo evitando sentir dor. Para aumentar o resultado, após cada alongamento, o músculo pode ser contraído por alguns segundos, voltando a ser alongado novamente. Ressaltamos que o ideal é combinar a prática do alongamento a uma atividade aeróbica, como, por exemplo, a caminhada.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011


O FLAMENCO é uma arte popular aplicada ao modo particular de dançar, cantar e tocar
guitarra proveniente da região de Andaluzia, no sul da Espanha. A Andaluzia é formada por oito províncias que são: Sevilla, Granada, Málaga, Córdoba, Jerez, Huelva, Cádiz e Almería.
Os primeiros testemunhos do surgimento dessa arte datam do século XVI. Os locais de origem seriam Sevilla, Jerez e Cádiz, as três cidades consideradas a "Santíssima Trindade" do Flamenco.
Suas raízes estão calcadas num sedimento artístico composto por diferentes e sobrepostas civilizações como a árabe, judaica, hindu-paquistã, bizantina, cigana, entre outras. Os mouros predominaram na Espanha de 711 a 1492.
Os ciganos têm um importante papel no desenvolvimento do flamenco. Com a intenção de abandonarem a Índia (séc. XIV) após uma série de conflitos bélicos e invasões de conquistadores estrangeiros ocorridas em vários territórios, os ciganos foram para o Egito onde permaneceram até sua expulsão. Conscientes de que deveriam se dividir em grupos para assim conquistarem a Europa, uma parte desses povos se estabeleceram na Espanha por volta de 1425, trabalhando como pastores e artesãos. Durante essa época, os ciganos conheceram um período de paz que lhes permitiu uma certa integração com o folclore andaluz. Decretada a perseguição às tribos nômades pela Coroa de Castella em 1499, e com a expulsão dos não cristãos e os de raça considerada impura como os judeus, ciganos e árabes através das medidas severas adotadas pela Santa Inquisição, os grupos foram obrigados a se estabelecer nas montanhas e outros locais desabitados para sobreviverem. Com o convívio e mistura dos diferentes costumes e tradições dessa gente perseguida, foi surgindo uma nova forma de expressão cultural. Nesse instante nascia a música flamenca, a arte do flamenco. 

O cante* (canto) é marcado pela melancolia, pelo fatalismo e pelo sentimento trágico da vida. Nascia aí o cante jondo* (canto profundo). Para os ciganos a música é parte integrante do dia a dia e essencial nas datas festivas. Tudo o que necessitam para iniciá-la é uma voz e acompanhamento rítmico, como palmas ou golpes dos pés no solo.Passada a repressão mais severa aos ciganos a partir das últimas décadas do séc. XVIII, eles foram se integrando ao convívio dos espanhóis . 
Assim começaram a surgir os payos* (não ciganos), interessados em conhecer e interpretar a música gitana* (cigana).
No final do séc. XIX, a música flamenca com a guitarra já incorporada estabeleceu suas formas tal qual a conhecemos hoje, levando-se em conta que, por estar viva, continua a evoluir. É correto afirmar, que só depois da inclusão da guitarra é que se introduziu o sapateado aos bailes. Em 1929, Antonia Mercé, "La Argentina", cria a primeira companhia de balé espanhol, que estréia na Ópera Comique de Paris. Já em 1949, Vicente Escudero apresenta também na capital francesa suas primeiras criações como bailarino.
Na música flamenca, encontramos diferentes ritmos, agrupados em famílias de acordo com a estrutura, melodia e temática comun entre eles. Em quase todos os palos*(ritmos) se pode bailar, ainda que existam bailes sem cante e temas puramente vocais. Na interpretação dos ritmos, observamos melodias alegres e outras mais tristes. A primeira pode estar relacionada à etnia andaluza, um povo alegre e sensível às artes. Já os tristes, dentre outros temas, se referem exatamente a essa angústia dos povos errantes que desembarcavam na Espanha e eram tratados como estranhos, vivendo em lugares pouco povoados, de clima frio e úmido e vegetação escassa.
A palavra flamenco foi usada pela primeira vez em 1835. Acredita-se que o termo deriva do árabe fellah (camponês) e mengu (fugitivo), e foi usada como sinônimo de cigano andaluz. Estudiosos sustentam ainda a referência de flamenco ao termo "flamância" de origem alemã, que significa fogosidade ou presunção, e que era aplicada aos ciganos por seu temperamento.

dança flamenca une muitas influências em sua técnica: dança moderna, contemporânea e balé clássico, tornando o Flamenco ainda mais rico, sendo considerado a arte mais completa, tanto corporal como musicalmente. Resultado da mescla de muitas culturas, porém, mais importante que sua história e suas técnicas, deve-se ressaltar que a Arte Flamenca é antes de tudo uma atitude, onde os sentimentos e emoções do interior da alma, são expressados e compartilhados através do prazer da música, do cante, do baile, do toque da guitarra espanhola e de seu elemento fundamental, o duende (alma ou sentimento flamenco).













Grandes Nomes da Dança no Brasil

 Nós da In´Cena cia de Dança, gostaríamos de  homenagear os grandes bailarinos do Brasil; e para iniciarmos : Ana Maria Botafogo


 "A história de uma carreira de sucesso desenhada na ponta dos pés

Ana Botafogo, primeira-bailarina do Teatro Municipal do Rio de Janeiro desde 1981, ano que ingressou na importante companhia de dança brasileira após ser aprovada num concurso público, é dona de uma carreira repleta de conquistas importantes.





Apesar de nunca ter imaginado que sua estrela brilharia tanto, Ana afirma que a dança sempre foi a coisa mais importante em sua vida. Sua seriedade e comprometimento com a profissão a levaram a superar todo o tipo de obstáculos. Com seu carisma, a bailarina contagia seu público e inspira jovens bailarinas do país inteiro quando enche o palco com sua dança e magia.
Ana Botafogo iniciou seus estudos de ballet clássico ainda pequena em sua cidade natal, mas foi no exterior que ela complementou sua formação. Na Europa freqüentou a Academia Goubé na Sala Pleyel, em Paris (França), a Academia Internacional de Dança Rosella Hightower, em Cannes (França) e o Dance Center-Covent Garden, em Londres (Inglaterra).
Foi na França, mais precisamente na Ballet de Marseille, do famoso coreógrafo Roland Petit, que a bailarina brasileira dançou como profissional pela primeira vez. Suas performances no exterior incluem participações em festivais em Lausanne (Suíça), Veneza (Itália), Havana (Cuba) e na Gala Iberoamericana de La Danza, representando o Brasil, no espetáculo dirigido por Alicia Alonso, em Madrid (Espanha), realizado em comemoração aos 500 Anos do Descobrimento das Américas.
De volta ao Brasil no final da década de 70, a bailarina ainda muito jovem, foi nomeada Bailarina Principal do Teatro Guaíra (Curitiba-PR), da Associação de Ballet do Rio de Janeiro e, em 1981 juntou-se ao balé do Teatro Municipal do Rio de Janeiro.
Ao longo de sua carreira, Ana Botafogo já interpretou os papéis principais de todos as mais importantes obras do repertório da dança clássica. Destacam-se suas performances em produções completas como Coppélia, O Quebra Nozes, Giselle, Romeu e Julieta, Don Quixote, La Fille Mal Gardée, O Lago dos Cisnes, Floresta Amazônica, A Bela Adormecida, Zorba o Grego, A Megera Domada e Eugene Onegin. A bailarina também levou para diversas capitais brasileiras os espetáculos ''Ana Botafogo In Concert'' e ''Três Momentos do Amor''.
Em 1995, na qualidade de ''étoille'' convidada da Companhia de Opera Lodz (Polônia), interpretou o papel feminino do Ballet Zorba, O Grego, dançando em várias cidades do Brasil. Ana dançou como artista convidada de importantes Companhias de Ballet, tais como: Saddler’s Wells Royal Ballet (Inglaterra), Ballet Nacional de Cuba (Cuba), Ballet del Opera di Roma (Itália), entre outras.Entre seus partners internacionais estão os mais expressivos nomes da dança mundial como Fernando Bujones, Julio Bocca, David Wall, Desmond Kelly, Cyril Athanassof, Alexander Godunov, Richard Cragun, Jean-Yves Lormeau, Lazaro Carreño, Tetsuya Kumakawa, Yuri Klevtsov, José Manuel Carreño e Slawomir Wozniak.
Mas suas sapatilhas conquistaram muito mais que calorosos aplausos ao redor do Brasil e do mundo. A bailarina foi presenteada pelo Governo dos Estados Unidos da América do Norte, por intermédio Comissão Fulbright e do Governo da Inglaterra, com bolsas de estudo para aperfeiçoamento da dança.
Entre os muitos títulos que recebeu do governo do Rio de Janeiro estão o de Embaixatriz da Cidade do Rio de Janeiro e o de Benemérito do Estado do Rio de Janeiro. O Ministro da Cultura da República Francesa nomeou-a em 1997 ''Chevalier Dans L'Ordre des Arts et des Lettres'' e em 1999, o Ministério da Cultura do Brasil outorgou-lhe o Troféu Mambembe referente ao ano de 1998, pelo reconhecimento ao conjunto do trabalho e divulgação da dança em todo o território nacional. Em dezembro de 2002 recebeu do Ministério da Cultura a Ordem do Mérito Cultural, na classe de Comendadora, por ter se distinguido por suas relevantes contribuições prestadas à cultura no país,e em agosto de 2004 recebeu a Medalha de Mérito Pedro Ernestro da Câmara Municipal do Rio de Janeiro.
Ana Botafogo é considerada, tanto pelo público como pela crítica, uma das mais importantes bailarinas brasileiras por sua técnica, versatilidade e arte."





quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Ballet Kirov














A História
       Em 1738 a imperatriz Anna Ivanovna
mandou criar uma Escola Imperial de Dança
e trouxe o francês Jean-Baptiste Landé para
dirigi-la.Nascia aí, dedicada aos filhos dos
serviçais do palácio, aquela que se tornaria
a Escola de Dança Vaganova, selo de
distinção do balé clássico no mundo.
Não seria portanto exagero dizer que
o nobre balé russo, que completou
260 anos de existência, nasceu plebeu.
        O desejo da Imperatriz Catarina II
- que sucedeu a Anna Iannova - era fazer
de São Petersburgo a capital cultural do
norte europeu, rivalizando com a fervilhante
Viena da Imperatriz Maria Teresa.
O primeiro passo foi promulgar um decreto
transformando o Teatro Bolshoi (Grande)
em Teatro Mariinsky. Função: abrigar e
fomentar o desenvolvimento das artes,
da ópera e do balé na capital de seu império.
Em 1783, Catarina, a Grande, inaugurava
o Grande Teatro de Pedro, em São Petersburgo,
construído em pedra, bem na frente de um circo
muito popular.
       Paulo I, que sucedeu a Catarina II
no trono russo, deu seqüência à política de sua mãe.
Trouxe de Paris aquele que pode ser apontado
como o arquiteto do balé de São Petersburgo
nas primeiras décadas do século XIX:
Charles Luis Didelot. Ele assumiu o posto em 1801,permanecendo nele por trinta anos.
Em sua gestão foram produzidos cerca de 40 bailados.
 Em 1848, a chegada de um gênio à cidade,
o coreógrafo Jules Perrot, revolucionaria
o balé no país.
 Ele ficou em São Petersburgo por onze anos,
sendo o grande responsável pela introdução
do balé romântico. Durante a gestão de Perrot
o repertório do Teatro Mariinsky foi
ampliado com muitas de suas principais
obras-primas, balés que a companhia preservou
a partir de então e ainda estão presentes
em seu repertório.
        Mas foi Marius Petipa, seu sucessor
como  primeiro mestre de bailado de
Sua Majestade Imperial, o Tzar, o responsável
pela grande eclosão final do balé  local e pela
criação de espetáculos que ainda hoje encantam
o público. Petipa tinha 29 anos quando chegou em São Petersburgo, em 1847,como bailarino e coreógrafo.
A grande contribuição de Petipa foi
ter logrado realizar a síntese de dois estilos
de dança estrangeiros:  o italiano e o francês,
que eram diametralmente opostos -
o primeiro deles caracterizado pela exibição
de força  e personalidade e o outro pela graça
e elegância do movimento. Esta simbiose,
aliada aos temas russos e à sua música
apaixonada, deu origem a um produto híbrido:
o balé clássico russo, que reunia o melhor
de todos os mundos. A arte da dança deve
ainda a Petipa o equilíbrio entre mímica e
dança, os ensembles do corpos de ballet e as regras precisas na seqüência do pas-de-deux.
        No final do Século XIX, em
São Petersburgo,  o balé mantinha um
padrão de excelência e qualidade, com
obras-primas de Petipa como "A Bela Adormecida"ou  "La Bayadère" seduzindo o público.
A arte de Petipa refletia seu tempo e o ambiente
em que vivia, com toda  a pompa da corte e um
código de comportamento distante do mundo real.
        Na aurora do século XX, a nova sociedade
emergente da revolução de 1917 demandava
uma nova arte. Quando São Petersburgo tornou-se Leningrado e o Teatro Mariinsky
foi rebatizado comoTeatro Acadêmico - ele só viria a ser chamado Kirov após o 
assassinato do político homônimo (1) em 1935 -o balé defrontou-se com o desafio 
de sua nova identidade e tarefas.
        Nos anos 20, a partir dos trabalhos de
preservação da tradição do balé - coordenados
pela grande professora Agrippina Vaganova e
pelo Comissário Anatoli Lunacharsky,
com a colaboração dos mestres de bailado e
bailarinos -nascia o balé soviético, agora orientado para a nova audiência proletária.
        Em 1977 Oleg Vinogradov foi nomeado
coreógrafo chefe e diretor do balé, posto que
manteve por vinte anos.
Neste período realizou várias encenações
para a companhia; supervisionou a expansão
do repertório do Kirov para incluir obras
importadas, especialmente balés de George Balanchine, bailarino nascido e educado
em São Petersburgo e que fora membro do grupo de balé até deixar a Rússia, em 1924.
        Há algo de profundamente humano no amor que a cidade dispensa aos seus bailarinos. 
É como o orgulho de pais humildes quando seus filhos, diante da adversidade, fazem sucesso no mundo.
Quando Avdotya Istomina, Anna Pavlova e Michail Baryshnikov ressoaram no ar, eles estavam escapando dos elos do destino comum, decididos a não serem agrilhoados pelas cadeias da existência sem significado. Eles seguiram seus corações.
E sua cidade os aplaudiu, rejubilando-se com eles.
Em São Petersburgo o salto do balé foi sempre
interpretado como uma declaração de escapismo, uma recusa à submissão. 
O balé-teatro na Rússia sempre escapou das cortes imperiais e dos comitês
de partidos. A fé a um ideal nobre ajudou-o a liberar-se das cadeias da degradação e a manter-se em contato com a grande cultura russa.
        Hoje, com o fim do comunismo, a queda das barreiras ideológicas e a crescente integração da Rússia ao bloco ocidental, o balé Kirov permanece um marco e referencial obrigatório para todo o mundo do bailado. Mais que um santuário da dança clássica, ele é uma constante fonte de inspiração.

  (1) O nome Kirov, uma homenagem ao lider comunista Serguei Kirov, caiu em desgraça com
o comunismo, e Mariinsky voltou a ser a denominação oficial, tanto do teatro quanto da companhia, assim como a cidade deixou de ser Leningrado e voltou a ser São Petersburgo. O nome Kirov ficou restrito a algumas turnês internacionais, por razões comerciais.