domingo, 16 de outubro de 2011

A Mestra - Maria Olenewa


Maria Olenewa iniciou seus estudos em Moscou, na Academia de dança Malinowa. Continuou seu aprendizado com Lídia Nelidova e Alexander Domadof, em Paris, cidade para a qual fugiu com a família após a revolução bolchevique,em 1916. E na cidade-luz, conheceu ninguém menos que Ana Pavlova, passando a fazer parte de sua troupé.
O Brasil, país que que adotou em definitivo em 1926, foi por ela conhecido em 1918, quando aqui esteve em tournée com a Cia de Pavlova, voltando, em 1921, com Leonide Massine.
Mas foi em Buenos Aires, no Teatro Colón, em 1923, antes portanto de fixar residência em nosso país, que Olenewa teve todo seu talento reconhecido, de maneira invejável, pelo austríaco Richard Strauss, quando, após a Dança dos Sete Véus, da Ópera Salomé, regida pelo próprio Strauss, este, num rasgo de excitação pelo desempenho admirável da bailarina, arrancou da partitura o trecho da dança por ela realizada, e a entregou-lhe com a seguinte dedicatória: “ À Maria Olenewa, em sinal de estima e consideração”.
Tendo pertencido à geração de ícones do balé clássico, não é estranho que Maria Olenewa sonhasse com a existência de uma companhia brasileira que tivesse, como fio condutor, o chamado balé de repertório.
Ao fundar, no Rio de Janeiro de 1927, a Escola Oficial de Dança, nas dependências do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Maria Olenewa , junto ao crítico teatral Mário Nunes– o idealizador de uma escola brasileira para formação de bailarinos – caminhava rumo à futura Companhia de Balé do TMRJ, e à uma tradição que contaria com extraordinárias intérpretes brasileiras do repertório clássico.
Em 1936 é criado o Corpo-de-Baile do TMRJ, cujo primeiro espetáculo, entretanto, foi apresentado como sendo da Escola de Baile, o que, já no ano seguinte, não mais aconteceria. E em 1937, Olenewa promove Madeleine Rosay a primeira-bailarina, figura central do balé Petrouchka, musicado por Stravinsk – que, junto a Bazar de Bonecos, Imbapara, Les Sylphides, El Amor Brujo, dentre outros , formou o programa de quatro espetáculos de Companhia.
Nos anos seguintes, Maria Olenewa atuou também como coreógrafa, assinando os trabalhos Amaya, Maracatu do Chico Rei, Príncipe Igor, Daphnis e Chloé, e Folhas de Outono. Olenewa, porém, teve em seu auxílio a importante figura de Vaslav Veltchek, tcheco, importado do Teatro Chatelêt e da Ópera Comique de Paris, que aqui desembarcou às vésperas da década de 1940.
Mas ao contrário do que possa parecer, a vida da bailarina russa no Brasil não foi repleta de glamour. Antes da Escola Oficial de Dança, que mais tarde seria batizada com seu próprio nome, e da Cia, Olenewa trabalhou em teatros de revista e, para a manutenção mesmo da Escola, se viu obrigada a desfazer-se de suas jóias, vendidas para garantir a continuidade dos estudos dos alunos, uma vez que, o que garantiu a abertura da Escola, foi a condição do governo nada gastar com professores e com tudo que a ela dissesse respeito, e os alunos pagariam apenas anuidades.
Em 1942, Maria Olenewa foi vítima da estupidez terceiro-mundista. Graças à extrema rigidez disciplinar, Olenewa puniu fisicamente uma aluna que chegou atrasada a um espetáculo, e, por conta desta atitude, foi afastada da direção da Cia, graças à ação judicial movida pelos pais da aluna.
Mudando-se para São Paulo em 1943, assume a Escola de Bailado do Teatro Municipal daquela cidade, e reinicia o trabalho feito no Rio de Janeiro.



MORTE

Em 1965, porém, a vida de Maria Olenewa chega ao fim. Desesperada por um diagnóstico médico interpretado erroneamente, ela decide dar cabo à prória vida, e se suicida,
por considerar-se portadora de câncer, aos 69 anos de idade.





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