A História
Em 1738 a imperatriz Anna Ivanovna
mandou criar uma Escola Imperial de Dança
e trouxe o francês Jean-Baptiste Landé para
dirigi-la.Nascia aí, dedicada aos filhos dos
serviçais do palácio, aquela que se tornaria
a Escola de Dança Vaganova, selo de
distinção do balé clássico no mundo.
Não seria portanto exagero dizer que
o nobre balé russo, que completou
260 anos de existência, nasceu plebeu.
O desejo da Imperatriz Catarina II
- que sucedeu a Anna Iannova - era fazer
de São Petersburgo a capital cultural do
norte europeu, rivalizando com a fervilhante
Viena da Imperatriz Maria Teresa.
O primeiro passo foi promulgar um decreto
transformando o Teatro Bolshoi (Grande)
em Teatro Mariinsky. Função: abrigar e
fomentar o desenvolvimento das artes,
da ópera e do balé na capital de seu império.
Em 1783, Catarina, a Grande, inaugurava
o Grande Teatro de Pedro, em São Petersburgo,
construído em pedra, bem na frente de um circo
muito popular.
Paulo I, que sucedeu a Catarina II
no trono russo, deu seqüência à política de sua mãe.
Trouxe de Paris aquele que pode ser apontado
como o arquiteto do balé de São Petersburgo
nas primeiras décadas do século XIX:
Charles Luis Didelot. Ele assumiu o posto em 1801,permanecendo nele por trinta anos.
Em sua gestão foram produzidos cerca de 40 bailados.
Em 1848, a chegada de um gênio à cidade,
o coreógrafo Jules Perrot, revolucionaria
o balé no país.
Ele ficou em São Petersburgo por onze anos,
sendo o grande responsável pela introdução
do balé romântico. Durante a gestão de Perrot
o repertório do Teatro Mariinsky foi
ampliado com muitas de suas principais
obras-primas, balés que a companhia preservou
a partir de então e ainda estão presentes
em seu repertório.
Mas foi Marius Petipa, seu sucessor
como primeiro mestre de bailado de
Sua Majestade Imperial, o Tzar, o responsável
pela grande eclosão final do balé local e pela
criação de espetáculos que ainda hoje encantam
o público. Petipa tinha 29 anos quando chegou em São Petersburgo, em 1847,como bailarino e coreógrafo.
A grande contribuição de Petipa foi
ter logrado realizar a síntese de dois estilos
de dança estrangeiros: o italiano e o francês,
que eram diametralmente opostos -
o primeiro deles caracterizado pela exibição
de força e personalidade e o outro pela graça
e elegância do movimento. Esta simbiose,
aliada aos temas russos e à sua música
apaixonada, deu origem a um produto híbrido:
o balé clássico russo, que reunia o melhor
de todos os mundos. A arte da dança deve
ainda a Petipa o equilíbrio entre mímica e
dança, os ensembles do corpos de ballet e as regras precisas na seqüência do pas-de-deux.
No final do Século XIX, em
São Petersburgo, o balé mantinha um
padrão de excelência e qualidade, com
obras-primas de Petipa como "A Bela Adormecida"ou "La Bayadère" seduzindo o público.
A arte de Petipa refletia seu tempo e o ambiente
em que vivia, com toda a pompa da corte e um
código de comportamento distante do mundo real.
Na aurora do século XX, a nova sociedade
emergente da revolução de 1917 demandava
uma nova arte. Quando São Petersburgo tornou-se Leningrado e o Teatro Mariinsky
foi rebatizado comoTeatro Acadêmico - ele só viria a ser chamado Kirov após o
assassinato do político homônimo (1) em 1935 -o balé defrontou-se com o desafio
de sua nova identidade e tarefas.
Nos anos 20, a partir dos trabalhos de
preservação da tradição do balé - coordenados
pela grande professora Agrippina Vaganova e
pelo Comissário Anatoli Lunacharsky,
com a colaboração dos mestres de bailado e
bailarinos -nascia o balé soviético, agora orientado para a nova audiência proletária.
Em 1977 Oleg Vinogradov foi nomeado
coreógrafo chefe e diretor do balé, posto que
manteve por vinte anos.
Neste período realizou várias encenações
para a companhia; supervisionou a expansão
do repertório do Kirov para incluir obras
importadas, especialmente balés de George Balanchine, bailarino nascido e educado
em São Petersburgo e que fora membro do grupo de balé até deixar a Rússia, em 1924.
Há algo de profundamente humano no amor que a cidade dispensa aos seus bailarinos.
É como o orgulho de pais humildes quando seus filhos, diante da adversidade, fazem sucesso no mundo.
Quando Avdotya Istomina, Anna Pavlova e Michail Baryshnikov ressoaram no ar, eles estavam escapando dos elos do destino comum, decididos a não serem agrilhoados pelas cadeias da existência sem significado. Eles seguiram seus corações.
E sua cidade os aplaudiu, rejubilando-se com eles.
Em São Petersburgo o salto do balé foi sempre
interpretado como uma declaração de escapismo, uma recusa à submissão.
O balé-teatro na Rússia sempre escapou das cortes imperiais e dos comitês
de partidos. A fé a um ideal nobre ajudou-o a liberar-se das cadeias da degradação e a manter-se em contato com a grande cultura russa.
Hoje, com o fim do comunismo, a queda das barreiras ideológicas e a crescente integração da Rússia ao bloco ocidental, o balé Kirov permanece um marco e referencial obrigatório para todo o mundo do bailado. Mais que um santuário da dança clássica, ele é uma constante fonte de inspiração.
(1) O nome Kirov, uma homenagem ao lider comunista Serguei Kirov, caiu em desgraça com
o comunismo, e Mariinsky voltou a ser a denominação oficial, tanto do teatro quanto da companhia, assim como a cidade deixou de ser Leningrado e voltou a ser São Petersburgo. O nome Kirov ficou restrito a algumas turnês internacionais, por razões comerciais.
Olá! Meu nome é Vinicius Motta e gostaria de saber se vocês poderiam me mandar um e-mail com os dias/horários e valor das aulas. Moro um pouco distante da academia, porém me interessei em saber mais e quem sabe estar fazendo aula aí.
ResponderExcluirDesde já agradeço.
Meu e-mail: vinicius_ludgerio@hotmail.com