domingo, 24 de julho de 2011

Marie Taglioni

Nasceu na Suécia, filha de Filippo Taglioni e da dançarina sueca Sophie Karsten em 1804.  Tornou-se famosíssima por seu desempenho, em 1832, no ballet La Sylphide, criado por seu pai e visto como um trabalho feito especialmente para que Marie exibisse suas habilidades. O furor foi causado especialmente porque Marie Taglioni dançou a peça inteira sobre as pontas, feito nunca visto até então (note que é consenso que outras bailarinas já haviam dançado nas pontas antes, mas nunca um ballet inteiro, sendo dito que ela refinou a técnica). Aliado ao trabalho de pontas, Marie Taglioni exibia um estilo completamente diferente, com saltos que davam a impressão de que a bailarina estava flutuando e poses em arabesque. Tudo isso junto às delicadas e longas camadas de tule de suas saias, lhe davam um ar extremante etéreo, simbolizando uma graciosidade que beirava o sobrenatural, o que fazia parte de uma estética idealizada por seu pai, Filippo e que deu início à Era Romântica do Ballet.
Para aqueles que querem se inspirar no sucesso de Taglioni saibam que ele não veio por acaso. Seu pai a submetia a um programa de aulas tão severo que a moça chegava a desfalecer durante elas. Esforço muito bem recompensado, já que Taglioni ganhou a Europa e se tornou a mais famosa bailarina durante a era do Ballet Romântico. Feito maior ainda se considerar que seu primeiro professor a rejeitou pensando que ela nunca aprenderia a dançar.

Sua estréia aconteceu em Viena com o ballet La Réception d’une jeune nymphe à la cour de Terpsichore, em 1822. Também dançou no Her Majesty’s Theatre Ballet em Londres e Théâtre de l’Académie Royale de la Musique, em Paris e até ao ar livre, pois, diz a lenda que certa noite sua carruagem foi interpelada na estrada e Marie foi obrigada a dançar sob a luz da lua.
Em 1837 foi para Rússia, precedida por uma brilhante reputação, onde trabalhou no Ballet Imperial, em São Petersburgo. A ansiedade em torno de sua dança era tão grande, que antes que ela chegasse ao seu destino, foi escrita uma biografia sobre ela e o teatro ficou incrivelmente lotado na noite de sua estréia. O sucesso foi tão grande que toda bailarina russa era comparada a ela e seu nome nunca saía das conversas e cartas dos cidadãos russos, assim como dos jornais. Marie Taglioni foi tão acolhida que todos se referiam a ela como “nossa Taglioni”. Durante essa época o romantismo estava em alta e o ballet La Sylphide, misto de ilusão e realidade atingiu em cheio a alma dos russos, que viam na expressão da arte de Marie a perfeita representação do espírito romântico, com seu choque entre o mundo dos sonhos e a dificuldade de sua materialização.
Durante sua estadia na Rússia, Marie Taglioni palnejou apresentar-se em Moscow, tendo de fato recebido convites pelo diretor dos Teatros Imperiais de Moscow, Mikhail Zagoskin, mas devido a insatisfações com não cumprimento de certas exigências que a bailarina fez, esta terminou por deixar a Rússia em 1942 sem nunca haver se apresentado na capital. Depois de sua última apresentação, seu par de sapatilhas foi vendido por 2000 rublos, e, diz-se, foi cozido e servido com molho, tendo sido degustado por um grupo de adoradores (balletomanos).
Cinco anos depois, Taglioni se aposentou e em 1860, participou com Lucian Petipa e Loius Mérante da I Competição Anual para Corps de Ballet (corpo de baile), assim como criou a coreografia do ballet La Papillon para sua pupila Emma Livry. Livry, no entanto, nunca dançou o ballet, pois morreu durante os ensaios quando sua saia pegou fogo (uma grande ironia, pois a história de Papillon trata de uma borboleta que morre incendiada). Durante a guerra franco-prussiana perdeu sua fortuna e foi obrigada a dar aula de dança para damas da sociedade e crianças. Em 1884, morreu em Marselha.
Durante o culto em torno dela, doces foram batizados com seu nome, Victor Hugo, escreveu um livro dedicado a ela, Victoria, rainha da Inglaterra a admirou, Johann Strauss II compôs uma polka em sua homenagem  e Jules Perrot criou o divertissement Pas de Quatre, para ela e outras 3 bailarinas mais famosas na época, Lucile Grahn, Carlotta Grisi e Fanny Cerrito (originalmente estaria Fanny Elssler, de quem Taglioni era rival na Opéra de Paris, mas essa declinou o convite e Grahn a substituiu).



Ballets dos quais participou:
La Réception d’une jeune nymphe à la cour de Terpsichore (1822, estréia), Danina (1826), Le Sicilien (1827), A Bela Adormecida (1829), La Sylphide (1832), Nathalie, La Laitière suisse (1832), La Révolte au sérail (1833), Brézilia (1835), La Fille du Danube (1836), Le Dieu et la bayadère (1830), Robert, le diable (1831), Miranda (1838), La Gitana (1838), L’Ombre (1839), L’Écumeur de mer (1840), Aglaë ou L’Élève d’amour (1841), Gerta, Rainha das Elfrides (1842). La Péri (1843), Pas de quatre (1845) e Le Jugement de Pâris (1846).




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